Novamente só
Novamente, indivisivelmente só
Há uma atmosfera pesada
impregnando o tempo e as ideias
flutuando acima de minha cabeça
e de meus desejos.
Incrível!
Eu mesma não fui capaz de aquilatar
durante todo o tempo
o valor absoluto do brilho de teus olhos,
do perfume de teus cabelos
do som de tua voz.
E agora,
quando em teus lábios sinto a verdade da despedida,
é como se nunca tivesse existido
a possibilidade da renuncia
e meu pensamento retorna ofegante
aos caminhos do passado
e, mentalmente, em questão de segundos,
enquanto nossos olhos se despedem,
num irônico sentimento de dor e alegria,
repasso com minhas poesias
os momentos em que juntos iniciamos
sabendo lá porque, o feliz e angustiante
caminhar pelas paragens da saudade e da renuncia.
Não existe em mim nesse momento,
que as circunstancias tornam melancólico
o desejo do sono,
o desejo da paz.
Não! Quero estar bem despertado
quando meu coração atingir o ápice da saudade
e em minhas palavras houver carência de poesia,
e em meu espirito houver a dor imensa
de se renunciar simplesmente
a algo que se ama e pelo qual se deveria lutar.
Destronar reis e rainhas,
enfrentar impérios e imperadores,
e na exaustão da batalha,
receber uma coroa de paz e amor.
Ah, poesia!
Tu que me persegues durante todas as horas
e coloca os versos em minha boca,
e a doçura das caricias na ponta dos meus dedos,
e o exagero de ternura no brilho de meus olhos.
Por que? Por que?
Se a verdade é mais forte que tua beleza,
e o amor mais fraco
que a realidade em que existimos.
Não embaçaria meus olhos
e nem permitiria as lagrimas
se não houvesse dentro de mim
a verdade e a consciência
do que existe e do que existirá nos nossos futuros.
Bem sei, poetisa que sou,
das armadilhas em que minha poesia se atira
sem medir consequências tristes
e alegres de meu coração.
Você que em meus braços existiu plenamente
e na lembrança existirá eterna,
jamais terá ciência do que foste em minha vida
e do que será no amanha de minha lembrança.
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