sexta-feira, julho 1

Novamente só!

Novamente, indivisivelmente só!
Há uma atmosfera pesada
impregnando o tempo e as idéias,
flutuando acima de minha cabeça
e de meus desejos.
Incrível!
Eu mesma não fui capaz de aquilatar
durante todo o tempo
o valor absoluto do brilho de teus olhos,
do perfume de teus cabelos,
do som de tua voz.
E agora,
quando em teus lábios sinto a verdade da despedida,
é como se nunca tivesse existido
a possibilidade da renuncia
e meu pensamento retorna ofegante
aos caminhos do passado
e, mentalmente, em questão de segundos
enquanto nossos olhos se despedem
num irônico sentimento de dor e alegria,
repasso com minhas poesias
os momentos em que juntos iniciamos
sabendo lá porque, o feliz e angustiante
caminhar pelas paragens de saudades e de renuncia.
Não existe em mim nesse momento
que as circunstancias tornam melancólicas
o desejo do sono
o desejo da paz.
Não! Quero estar bem despertada
quando meu coração atingir o ápice da saudade
e em minhas palavras houver carência de poesia,
e em meu espírito houver uma dor imensa
de se renunciar simplesmente
a algo que se AMA e pelo qual se deveria lutar...
Destronar Reis e Rainhas,
enfrentar impérios e imperadores,
e na exaustão da batalha
receber uma coroa de paz e de amor.
Ah, poesia!
Tu que me persegues durante todas as horas
e coloca os versos em minha boca,
e a doçura das caricias na ponta dos meus dedos
e o exagero de ternura no brilho de meus olhos.
Por que? Por que ?
Se a verdade é mais forte que tua beleza,
e o amor mais fraco
que a realidade em que existimos.
Não embaçaria meus olhos
e nem permitiria as lágrimas
se não houvesse dentro de mim
a verdade e a consciência
do que existe, e do que existirá nos nossos futuros.
Bem sei, poetisa que sou,
das armadilhas em que minha poesia me atira
sem medir conseqüências tristes e alegres de meu coração.
Você que em meus braços existiu plenamente
e na lembrança existirá eternamente,
jamais terá ciência do que foste em minha vida
e do que será no amanhã de minha lembrança.

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