Quando ontem naquela rua

Naquela rua povoada de memorias
sonhos e receios que as passadas do tempo
soterraram no continuar da vida
e no entardecer dos anseios
eu te encontrei em tantas lembranças
trazendo nos lábios a febre costumeira dos teus beijos
e a mesma ternura na reprodução dos teus gestos
e aquele sorriso macio que me comprava
o tempo, a vontade e a decisão.
Eu me senti velha de tanta vida
que me cansei de lembrar.
Mas a saudade e as imagens não
permitiram ao cansaço a vitória
e, mais velozes que a ilusão e o pensamento,
pontilharam meu passado de teus passos
e em meu futuro constituíram um só lamento.
Naquela rua, antes tão povoada de memorias,
deixei-te uma lagrima de saudade
a recordar um pouco do que restou de mim.
Se o destino impulsionar teus passos
e passares por lá pensando assim,
esquece que não me queres e que te quis.
Repara nessa lagrima amado,
é o verso mais lindo que te fiz.