Nunca deveríamos nos apedrejar , quando todos os telhados humanos são de
vidro, frágeis como a flor do campo como a criança de colo, como o filhote impune
caído do ninho.
Nunca deveríamos esquecer-nos, quando somos. Há corações amigos, que já entraram tão dentro da nossa vida e aos quais devemos tantos privilégios e benefícios, que jamais conseguiremos agradecer-lhes, nem que passemos de joelhos o resto da vida.
Nunca deveríamos temer o verdadeiro encontro, já que tantos outros desencontros acontecem, estraçalhando a sensibilidade de quem nasceu para amar e se amada.
Nunca deveríamos dizer: “NÃO” quando almas feridas batem a nossa porta. Talvez a nossa seja a ultima porta entreaberta para alguém internamente desmoronado, a dois passos do suicídio.
Nunca deveríamos lastimar quando a ingratidão é a recompensa amarga da nossa bondade e serviço.
Nunca deveríamos espiar os acontecimentos da vida pelo buraco da fechadura. Há tantos mirantes alcançados e saudáveis que se permitem vislumbrar perspectivas mais amplas da Historia e do homem. É da montanha que a gente vê mais longe.
Nunca deveríamos desanimar, julgando insolúvel qualquer problema. Para construir o triunfo precisamos acreditar na possibilidade da vitoria. Muita gente compra seu fracasso porque só pensa em derrota.
Nunca deveríamos acampar nas tendas do provisório. A lição dos navios é clara: eles ancoram de passagem, estão em transito. Reabastecem para depois buscar novamente o alto mar, emoldurado pelo infinito e pelos horizontes incomensuráveis.
Nunca incida na infantilidade, de afirmar “Fulano foi tão grande que é insubstituível. Ninguém conseguirá preencher o vazio que ele deixou em nosso meio.” Os cemitérios estão cheios de túmulos onde jazem os consideráveis insubstituíveis de ontem e de hoje.
Não obstante, a vida continua e o mundo prossegue sua marca, bem obrigada.
O segredo da existência humana consiste não somente em viver, mas ainda em encontrar um motivo para viver.
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