quinta-feira, fevereiro 2

ERA UMA VEZ

O meu amor primeiro... O meu primeiro amor,
Foi anseio, e viveu na incerteza de uma ânsia,
Botão que não se abriu... Que não chegou a flor,
Um pedaço de céu, quase limpo e sem cor,
Perdido nos sem fins azuis da minha infância...

Silhueta a se apagar, mas que o meu ser divisa,
Uma emoção feliz que nem foi emoção...
Nuvem leve a fugir aos impulsos da brisa tênue...
Vaga... Sutil... Bem distante e imprecisa,
Passando na memória do meu coração...

O meu primeiro amor – um vulto que esqueci,
Num canto da lembrança a dormir empoeirado,
Rosto que se apagou porque nunca mais te vi,
Um quadro que se esvai, e que deixei ali,
Esquecido no sótão velho de um passado...

Alma de uma ilusão pequenina e simplória
Que se disolve em mim... E aos poucos se desfaz...
Parece destino, outra vida, outra historia,
Quando tento arrancar das sombras da memória,
Tão longe... Que ao lembrar-me... Eu nem sei se lembro de você...

O meu primeiro amor... A primeira esperança,
Que abriu as assas dos sonhos a procurar o além.
Hoje, é apenas lembrança a brincar na memória,
Levado na tristeza do que não se alcança,
Na saudade de tudo o que nunca mais vem!

Pétala que entre um livro amarelou, perdido,
Há muito tempo, há muito por alguém que o leu,
E agora ao encontrá-lo, seco e oferecido,
No romance sem fim da minha própria vida,
Nem sei se quem a pos entre as folhas fui eu...

O meu primeiro amor... O meu amor primeiro,
Foi uma estória azul dessas de “era uma vez”...
Uma estória feliz... Um conto verdadeiro
Que um dia o meu destino, um velho feiticeiro,
Quis fazer, mas não soube terminar talvez...

Minha gloria primeira... O meu maior desejo,
De crescer, de subir, de explicar o Universo!
Passou... Foge de mim... Mas ainda o sinto e o vejo
Porque ele é a sensação do meu primeiro beijo!
E a impressão imortal do meu primeiro verso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário