Teu olhar é o meu sol! Vivo de sua luz
- e mesmo que esse amor seja como uma cruz
eu o levarei comigo em meu itinerário
e o bendirei na dor ascendendo o calvário!
Sem ele não existo, e sem ti, meu destino
será vazio, assim como o bronze de um sino
que ficou mutilado e emudeceu seus sons
na orquestra matinal dos outros carrilhões !
Quero ser tua sombra até, e quando tudo
te abandonar na vida, e frio, e mudo
encerrarem teu corpo em paz, sob um lajedo
eu ficarei contigo ao teu lado, sem medo,
e sozinha eu descerei contigo.
Oh! meu único amor ! Oh! meu querido amigo!
- para que os nossos corpos juntos, abraçados
fiquem na mesma terra em terra transformados!
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Minha vontade é tua! E em meu destino enredado no teu!
És o meu deus! Teu desejo é o meu credo!
Creio na tua força e no teu pensamento,
e nem um só segundo e nem um só momento,
deixarei de seguir-te aonde quer que tu fores,
seja a tua estrada coberta de espinhos ou flores,
te sirva a riqueza ou vivas no abandono e
sofras na pobreza! Serei sua, e te amarei
com um amor infinito, sem razão nem lei.
Tu serás meu poeta imortal, meu senhor,
a quem entregarei minha alma e o meu amor!
Creio na tua força e no teu pensamento!
-faço dela um arrimo, e tenho nele o alerta
da única razão que dirige os maus atos,
- é a lagrima fatal das coisas e dos fatos!
Orgulho-me de ser a matéria plasmável
onde o teu gênio inquieto, e nervoso, e insaciável
há de esculpir uma obra a tua semelhança.
Junto a ti sou feliz e me sinto criança
curiosa de te ouvir, fascinada e atraída
pela tua palavra alegre e colorida!
E se falas de vida ou se o mundo desvendas
os assuntos ressoam na alma como lendas
e tudo é novo e é belo, e tudo prende e atrai,
de um simples botão que se abre a um pingo
de água que cai.
Há em tudo uma alma nova!
Há em tudo um novo encanto!
Tantas vezes te ouvi, e sempre o mesmo espanto
quando tu me dizias que era tarde, era a hora
em que ia dormir em que ias embora...
Muitas vezes deitada, eu rezava baixinho
uma prece que fiz só para o meu carinho:
" Com meus beijos de amor matarei sua sede,
com meus cabelos negros tecerei a rede
aonde adormecerá feliz, imaginando
que é a noite que te envolve e te embala cantando,
formarei com meus braços o ninho amoroso
onde terás na volta o almejado repouso".
Minhas mãos te darão o mais terno carinho
e julgarás que é o vento a soprar de mansinho
sussurrando canções e desfeito em desvelos
a desmanchar de leve os teus cabelos!
No meu seio, que a uma onde talvez se pareça
recostarei feliz, enfim a sua cabeça,
e nada, nenhum ruido há de te perturbar!
- meu próprio coração, mais baixo há de pulsar...
Quando o sol castigar as frandes e as raízes
como o meu corpo farei a sombra que precisas
e se o inverno chegar, ou se sentires frio
ainda em mim há de achar todo o calor que precisas.
Não ria, bem sei que digo tolices,
mas ah! se compreendesses tudo, ou se sentisses
a alegria que sinto ao te falar assim...
Talvez não risse meu amor, de mim...
Isso tudo é obra apenas da fatalidade, quando
o amor é uma doença, e é uma febre de saudade
"Amo, para a alegria suprema e indivisível
de humilhar-me aos teus pés tanto quanto possivel,
e viverei feliz, como a poeira da estrada
se erguendo ao teu passar, numa nuvem dourada
cheia de sol e luz, nessa gloria fugas
de acompanhar-te os passos aonde quer que vás!
Não importa que eu fique abandonada e só,
quem nasceu para espinho há de ser sempre espinho! ...
quem nasceu para pó, há de ser sempre pó!
"... de mil sacrifícios, e de mil concessões,
chorando muito, embora só, para ser feliz o
ente que se quer e adora... !
Poema maravilhoso.... cheio de amor e cheio de encantos!!! poema que me toca o coração... e que me faz delirar em risos e prantos!!!
ResponderExcluirNeyva Gomes de Souza