I
Sonhei te fazer somente meu: - REI !
Quisestes ser apenas cortesão.
E o desejo a crescer, planta daninha
foi tornando este amor sem amanha
Para mim, não bastava que fosses meu,
quis no céu por a estrela da manha
e acabei por me moldar ao que convinha
a essa tua paixão
Se não deste valor ao coração
mas aos sentidos, em que consomem
restos de um erotismo em combustão,
por que falar de amor? Foste logrado
tu não tens aos teus pés o amor de uma mulher
tens um fauno de rostos... e nada mais!
II
Não compreendia, quando o meu ciumes
num egoismo de amor te acompanhava
mas, porque não dizer? ponha perfume
na ternura que em nós desabrochava...
O amor é uma arma afiada
que, se cortava, a mim cortava,
mas que cegaste, e agora se resume
em desejo somente, fumo e larva
larva que escorre, e que destroi aos poucos...
bem sei que não há forças que te dominem...
E se me empolgam tais desejos, loucos
por que falar de amor? Foste logrado
você não tem aos teus pés o amor de uma mulher,
tens um fauno de rostos... e mais nada!
III
Se era preciso, para ser querida
ter também, rudemente contrafeito
o coração de ciumes corrompido
em silêncio, a chorar, dentro do peito!
Se era preciso destruir-me tanto
nessa paixão servil em que se somam
os gestos de um orgulho que foi canto
Porque falar de amor? Foste logrado
tu não tens aos teus pés o amor de uma mulher
tens um fauno de rostos... e nada mais!
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