que poe na alma da gente um não sei o que.
Dentro dos olhos vejo o outono
paisagem cor de cinza e esse ar de sono
que em plena primavera ninguém vê...
Não é tristeza propriamente, há em mim
tédio e tristeza, é um sentimento vago,
hoje sinto-me só, sinto assim
como a flor que lá fora no jardim
a aragem despetala num afago...
Finíssima neblina há no meu ser
e em minha alma tristíssima faz frio,
se lá fora há calor, e ouço o prazer
cantando na alegria de viver
porque no meu coração esse vazio?
Hoje, sinto-me só, e há uma tortura
nessa profunda e impenetrável magoa
minha vida é uma sombra... é uma figura
que se debruça numa noite escura
no olhar parado de uma poça d'água...
Hoje sinto-me só, e me faz mal
ficar só, quando a noite esta tão calma...
quando a gente se sente infeliz, sentimental,
sentirá com certeza uma ânsia igual
a que eu sinto rondando minha alma...
Pela janela aberta entra o bafo
morno, de um ar que embriaga e perfuma,
vem da sombra um rumor vago
talvez quem sabe? passe adiante um rio...
mas bem sei que não passa coisa alguma...
Esse rumor que chega aos meus ouvidos
que impregna o ar assim, esse amor
é a canção de mil beijos escondidos
de lábios entreabertos e vencidos
que se procuram na ilusão do amor...
Eu sei bem porque sofro e o que eu almejo
minto afirmando que não sei porque
falta uma boa para o meu desejo
falta seus braços para me embalar
eu quero, mas não vejo
falta porque não confessar?
VOCÊ!!!
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