Os meus cabelos nevando
dão-me a impressão dolorida
de um lenço branco acenando
a primavera da vida
Despedimos-nos sorrindo
quem nos visse assim risonhos
não diria que partindo
levarias tantos sonhos
É tão triste a despedida
que o melhor que a gente faz
é na hora da partida
resolver não partir mais
No grande amor sem medida
que foi teu bem e o meu mal
pôs a nossa despedida
um triste ponto final
Na despedida seremos
temos surpresas iguais
tu por me amares de menos
eu por te amar demais...
Se tudo é frágil na vida
e morre sem rumor
eu aceito a despedida
como aceitei teu amor
Tua presença tão calma
levemente distraída
na inquietação de minha alma
é quase uma despedida
Pior que a despedida
do que partir, propriamente
é não haver na partida
quem se despeça da gente
Da plataforma da vida
já cansado o coração
hoje assisto a despedida
dos meus restos de ilusão
É uma eterna despedida
meu viver sempre distante
que queres meu querido
és caixeiro viajante
Despede a mocidade
casam os filhos... E a nós
vemos que a vida em verdade
já se despede de nós
Ai os sonhos da mocidade
no fim da festa da vida
vão dançando com saudade
a "valsa da despedida".
Buscando aventuras um dia partiste
mas que ingenuidade
partindo de mim se despedia
da própria felicidade
Ao despedir-se na morte
que me consola a virtude
nada fiz de grande porte
mas fiz tudo quanto pude
"Festa do Adeus" não existe
é tolice manifesta-la
pois todo adeus é tão triste
que não cabe numa festa
As palavras possuem vida
parentesco, afinidades
considero a despedida
irmã gêmea da saudade
Minha alma em ânsia implora
o instante da despedida
há muito frio lá fora
há muito tédio na vida
Contemplando os olhos seus
no instante da despedida
foi amim que dissesses adeus
quem respondeu foi a vida
Muita gente diz que a vida
é um sofrimento profundo
vem a morte, a despedida
que bom nos parece o mundo
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